Família Gramacho

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Missão Abaixo de ZERO! SUBZERO Mission!

sábado, 18 de julho de 2015

O Desafio da "Língua Presa"!

Juntamente com o frio intenso, sem dúvida um dos maiores desafios que temos que enfrentar diariamente aqui na Mongólia tem que ver com o aprendizado do idioma local. Esse é o nosso foco no momento, portanto que comecem as aulas. 

Abre nossa mente e toca nossa língua Senhor!


Primeiro dia de aula. Obs: Gostei da frase na parede, motivadora!


A Northern Asia-Pacific Division possui um Instituto de Idiomas (SDA Language Institute) aqui na capital, Ulaanbaatar. Seu prinipal objetido é servir como um centro de influência para a comunidade ensinando inglês aos mongóis, mas eventualmente aparece um “gringo” como eu (nunca pensei que um dia seria rotulado assim rsrsrs) se aventurando a aprender a língual mongol. E de fato, aprender o mongol é uma aventura diária. Na verdade diria até que é uma questão de sobrevivência! Não é a toa que o curso introdutório que iniciamos chama-se “Mongolian Survival Course”. Quase ninguém aqui fala inglês e fica muito óbvio, desde os primeiros dias, que se você não fala o básico da língua local, o seu trabalho e mesmo as atividades mais cotidianas como ir ao mercado ou pegar um ônibus tornam-se inviáveis, pra não dizer impossíveis.

No passado, antes da chegada do regime comunista instalado pela antiga União Soviética (1921-1990), os mongóis utilizavam um alfabeto escrito na vertical, de cima pra baixo e da esquerda para a direita. Atualmente, o alfabeto oficial utilizado é o cirílico, o mesmo usado na Rússia (com alguns caracteres a mais). Só o alfabeto mesmo, pois a língua em si é completamente diferente do russo, salvo algumas poucas palavras incorporadas naturalmente ao vocabulário devido à proximidade geográfica e a histórica relação política-cultural com esse país. 

No princípio você se engana achando que algumas letras são iguais as nossas, mas apenas a grafia pois a fonética é completamente distinta. Por exemplo, a letra B na verdade tem som de V, o P tem som de R, o X tem som de R gutural (kh), o H tem som de N, o Y tem som de U e a letra que representa o nosso Z é uma espécie de 3, sem falar no N e R ao contrário (И e Я) que respectivamente possuem som de I e IA. As vezes dá um nó nos neurônios! A estrutura gramatical é mais ou menos assim: Sujeto + Objeto + Verbo. Isto é, a frase “O que você está fazendo?”, ficaria mais ou menos assim “Você o que fazendo está?” (Чи юу хийж байна вэ?). Em outras palavras, é preciso "reformatar" sua cabeça. O método de ensino utilizado por aqui é o coreano, que se resume a dois pés no acelerador, muito conteúdo e tome-lhe decoreba. Obviamente as aulas são em inglês (com sotaque mongol), o que dificulta ainda mais a tarefa, principalmente para a compreensão de algumas complexas regras gramaticais, as quais por sinal na prática não são muito respeitadas. A língua falada acaba sempre sendo um pouco diferente da linguagem formal ensinada nas escolas, por isso mesmo tenho procurado aprender diariamente em outras "salas de aula": no ônibus, na feira livre, no restaurante, no templo budista, no parquinho com as crianças, enfim, com o povo em geral. São excelentes professores!

Alfabeto mongol antigo (clássico)




Alfabeto cirílico (mongol)



Deixaram na porta de casa. Era a conta de água pra pagar rsrsrs

Primeira música que "aprendi" a cantar em mongol! Uma espécie de boas vindas aos visitantes.


Pelo menos eu tentei rsrsrs


Minha cabeça quase fritou nos primeiros dias de aula (mesmo nesse frio), mas aos poucos as coisas começam a fazer sentido. Já na primeira semana, meu hobbie era tentar ler todas as placas que conseguia enquanto estava indo ou voltando no ônibus, mesmo sem entender 99% delas rsrsrs.

Falando sobre transporte público, vale ressaltar que via de regra eu sou o único estrangeiro dentro destes ônibus de linha, o que gera obviamente muitos olhares curiosos, principalmente de crianças e idosos. Notei também algo bem interessante, um respeito tremendo pelas pessoas mais velhas, todos se levantam e cedem o lugar, claro que me tornei adepto desse bom hábito, gesto simples mas que por sua vez sempre se torna um estopim para mais olhares e comentários sobre a “atitude estranha desse estranho”. Acho que está sendo minha primeira forma de testemunhar. Nunca pensei que ceder um lugar no ônibus poderia falar tão alto a favor do evangelho!

Após alguns dias circulando pela cidade, logo entendi porque na aula uma das primeiras coisas que você aprende depois do alfabeto, cumprimentos básicos e números é justamente como dar orientações de direção. Por aqui é muito comum uma espécie de serviço de carona informal, ou seja, todo carro (e é todo mesmo!) torna-se um “táxi” em potencial. Basta estender a mão em qualquer avenida e a qualquer hora do dia ou da noite, que em menos de 10 segundos alguém vai parar pra você com um sorriso no rosto seguido de um olhar de espanto (o que esse estrangeiro quer comigo?). Óbvio que só tive coragem de pegar um desses sozinho (sem um tradutor) após algumas semanas de aula, pra completar, só depois que estava dentro do carro nessa primeira experiência é que percebi que o indivíduo, o nosso “motorista”, estava completamente embriagado, mas graças a Deus ele foi bem “prudente”, inclusive fez um precinho bem camarada e até me deu o telefone dele para uma futura corrida imagine rsrs! Quem sabe né? #SQN

Saindo pra mais um dia de batalha linguística, -20 graus.

Never give up!

Parece brincadeira pessoal, mas esse lance da bebida é um problema muito sério por aqui como já falei em outro post. Um dia desses, ao retonar pra casa de ônibus, um cidadão bêbado numa atitude inicialmente hostil e até certo ponto “estranha”, começou a me provocar sem motivo aparente. Perguntava o que eu estava fazendo aqui, onde eu morava, qual o meu trabalho, chegou inclusive a cerrar os punhos bem próximo ao meu rosto, mas não me tocou. Percebi algo espiritual nesse conflito. Sabemos que o inimigo está irado com a missão, mas Deus é nosso escudo. Ao ser questionado mais uma vez sobre o que estava fazendo aqui, respondi calmamente, mas com autoridade: 


“Estamos aqui para compartilhar o amor!”

Após essa frase ele emudeceu! O "idioma" do amor é universal!


AINDA QUE EU FALE A LÍNGUA DOS HOMENS [DA MONGÓLIA] E DOS ANJOS, 
SEM AMOR EU NADA SERIA! 1Co 13:1


O amor fala todas as línguas!



Semana que vem tem mais moçada! Fiquem ligados, orem por nós e continuem a nos acompanhar nessa aventura missionária. 
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sexta-feira, 3 de julho de 2015

The First Week... first steps!

Nossa primeira semana no campo missionário foi cheia de expectativas, novas descobertas, muita ansiedade, empolgação, mas acima de tudo, confiança na direção de Deus! 

Guia nossos PRIMEIROS PASSOS Senhor!

Em nosso reconhecimento de campo inaugural pela cidade de Ulaanbaatar fomos acompanhados pela simpática e prestativa irmã Purev, uma das primeiras pessoas convertidas ao adventismo na Mongólia e hoje líder do MM e MCA da Missão. Compramos roupas de frio (especialmente para o Kauai) e alguns mantimentos. Trocamos nossos poucos dólares por Төгрөг (Tugrug, a moeda local). O câmbio aqui é para cada 1 dólar, 2.000 төгрөг aproximadamente. Nesse dia também vimos neve pela primeira vez!


Looks like a bear!


Primeiros passos de um Missionary Kid!


Pronto pra um passeio cotidiano a menos 15 abaixo de zero



Purev, nossa primeira "guia". Thanks a lot dear friend. баярлалаа!

Nota de cima Сүхбаатар (Sükhbaatar), herói local. Abaixo o famoso líder e conquistador mongol Чингис Хаан (Genghis Khan), o primeiro imperador da Mongólia.


O primeiro encontro (com a neve) a gente nunca esquece!



 Миний Гэр бүл (Minii Ger Bul) | My Family

Greetings from Ulaanbaatar!


Primeiro sábado na Mongólia. Fomos à Igreja Central de Ulaanbaatar (UB Church ou Төв Сүм em mongol). As ruas todas branquinhas cobertas com uma fina camada de neve e gelo. Obviamente ficamos encantados! E o melhor ainda estava por vir! O primeiro contato com o louvor em língua local foi extremamente agradável aos nossos ouvidos. O pessoal do “It’s Written” também estava por lá. Participamos de um potluck (junta panela) multicultural na casa do Jorge, tesoureiro da Missão. Haviam simplesmente 9 nações ali representadas (Brasil, Portugal, Bolívia, Peru, Canadá, Estados Unidos, Suíça, Índia e Mongólia), parecia até conferência da ONU, só faltou o Ban Ki-moon pra completar rsrsrs. A paisagem vista da janela da sala com montanhas cobertas de neve e um rio completamente congelado foi surreal para mim!



"Frozen" em uma nova versão, Vejam e escutem...




Vista da janela de casa. A warm day rsrs #SQN


Pra sair de casa primeiro você tem que desenterrar seu carro! Vou de ônibus!



Look das ruas





Alguém esqueceu o ar condicionado ligado!

Шаббатын мэнд | Happy Sabbath


Vista geral (nave) da UB Church


Holy Bible in Mongolian Langague | Монгол хэл

Acredite, esse é o livro de Provérbios | Сургаалт Үгс



Diversidade cultural



The Descendants Group



Interagindo


My new sisters.
My new brother.


Amiguinha e babysitter nas horas vagas rsrsrs

Almoço multicultural. Nove nações presentes. Parecia encontro da ONU rsrs



Ainda sofrendo com o Jet lag (mal estar provocado pela grande diferença de fuso horário) tomamos nosso brunch às 11h. Conhecemos o famoso Black Market (Хар зах, Khar Dzar em língua mongol), uma espécie de feira livre a céu aberto onde se encontra literalmente de tudo. O piso era puro gelo, muito fácil de escorregar e se machucar feio. Pés completamente congelados depois de uma tarde inteira por lá comprando artigos essenciais (casacos, panelas, luvas, botas, meias de pelo de camelo rsrsrs etc) e observando a cultura local.


Passamos mais uma noite em claro graças a gigantesca diferença de fuso (GMT + 8, ou seja, diferença de 11 horas para o Brasil). Pra completar, Kauai vomitou algumas vezes, oramos e graças a Deus ele melhorou. Achamos que foi algo que ele comeu, um feijão pronto, enlatado, e detalhe, com molho de tomate, já pensou? Rsrsrs . Que saudade de um feijãozinho com arroz e farinha! Mas a culinária típica mongol será um capítulo à parte, em outro post mais pra frente.

Fui ao escritório da Missão pela primeira vez para um compromisso oficial. Tivemos uma reunião com o Pr. Elbert Kuhn (Presidente) e com o Pr. Sodoo, líder do MJ na Mongólia. O encontro foi muito produtivo. Saí ainda mais empolgado com a visão e perspectivas de trabalho aqui no no campo missionário. Conheci novos integrantes do time do escritório. A tarde fomos abrir uma conta em um dos bancos locais acompanhados do Ganbold, um dos funcionários da missão. Após “longos” dias, voltei ao mundo virtual e tive acesso a internet pela primeira vez por aqui. Claro que com essa síndrome de abstinência, fiquei pendurado no Skypewhatsapp e Facebook durante boa parte da noite em contato com familiares e amigos do Brasil.


Brunch

Melhor que "miojo", pelo menos vem com salada.

Vendedor local encantado com os "olhos grandes" de Kauai


Escritório da Mongolia Mission | Монголын Адвентист Чуулган

Quadros contextualizados. Evangelho eterno, transcultural!
Água da vida nas sedentas estepes mongóis

Jesus visitando uma família nômade em sua Гэр (Ger, tradicional casa mongol, um tipo de tenda)


Café da manhã de oração. Servidoras da Mongolia Mission.

Conexão Brasil-Mongólia by Skype!



Visitamos o BARS, um mercado local onde são vendidas frutas e legumes com boa qualidade a um preço razoável, com exceção das bananas, em especial, pois custam muito caro. Sabe aquela famosa frase pra dizer que algo é barato: “Tá a preço de banana”, certamente não cabe por aqui! Carne de todo tipo e pra todo lado. A banquinha da foto abaixo era uma das mais movimentadas! Servido? #SQN


Mercado local



Me impressionou também a grande quantidade de fumantes (geralmente jovens) e princialmente de pessoas alcoolizadas por toda parte. Esse é um dos maiores problemas sociais do país e atinge todas as classes. Durante o inverno, com temperaturas que chegam a -40 -50 graus negativos, infelizmente é muito comum pela manhã encontrarmos pessoas mortas congeladas pela rua. Elas simplesmente se embriagam, caem inconscientes e em apenas 2 horas se não forem recolhidas para algum lugar aquecido, morrem de hiportemia. Um caminhão passa recolhendo os corpos pela manhã, em média 6 a 8 por dia. Terrível! O que fazer para tentar reverter esse quadro trágico? Só pela graça!



Liberta-os dos vícios e dá-lhes uma nova vida Senhor!


Laís se encheu de coragem e saiu sozinha para comprar comida. Como niguém falava inglês no local e o cardápio estava escrito somente em mongol, o que seria uma atividade corriqueira, transformou-se em uma verdadeira aventura, mais um dos muitos desafios transculturais que vivenciaremos na Mongólia. A noite assistimos jornais e filmes em língua local na TV para nos familiarizarmos com o idioma e costumes do país.


Programa de TV local. Se liga nas roupas típicas!


Fomos ao NOMIN, um supermarket local próximo a nossa casa. Detalhe, estávamos sozinhos, i.e., sem a companhia de um nativo para nos traduzir. Tivemos que nos “virar nos 30” para compreender e se fazer compreendido. Muita variedade, produtos russos, chineses, coreanos, japoneses, australianos, americanos e é claro, produtos mongóis (geralmente derivados do leite e carne). 

Convidamos nossos companheiros de missão, o casal Rodrigo e Gabriela para o culto do pôr do sol em celebração à chegada do santo sábado. Foi muito gostoso recebê-los em nosso novo lar!


Comunidade brasileira

Uuufaaa, e isso tudo em apenas uma semana! 

São apenas os primeiros passos de um longa caminhada. Venha conosco!